sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ser um pai ideal



Nos dias de hoje, fecundar sua mulher, sustentar a casa e impor algumas regras na educação dos seus filhos não resumem mais a figura do "pai ideal". Os tempos são outros, você concordando, ou não.

Frases como "eu nunca troquei uma fralda", "eu não sei dar banho" e "quem dá de mamar é a mãe" já não são mais bem vistas aos olhos da sociedade moderna. O que antes era sinônimo de virilidade no comportamento masculino, hoje já é encarado como descaso e atraso.

Há uma série de teorias que explicam este novo "boom" de envolvimento paterno. Há quem chegue a falar  que este fenômeno faz parte da chamada "revolução masculina" - uma retomada social por parte dos homens etc.

Tal "revolução" seria uma tentativa masculina de tentar se igualar  socialmente às mulheres. O resultado são homens mais sensíveis e dispostos a mudar de comportamento para mostrar que são tão capazes, dinâmicos  e versáteis quanto elas.

Quando o assunto é reprodução, os homens dão de cara com uma grande desvantagem fisiológica: elas podem gerar uma criança, eles não. Restou aos homens compensarem esta perda dando mais afeto aos seus filhos e também às gestantes. Será? Pode ser...

Outras teorias (não tão conspiratórias) afirmam que os homens estão deixando aflorar o seu lado mais sensível devido a uma acelerada "abertura" da sociedade. Vivemos num mundo com menos preconceitos. O fato aqui é muitos de nós não encaram mais como vergonhoso ser um "paizão". Muito pelo contrário, há quem julgue mal os pais com pouco envolvimento afetivo familiar.

Quem aqui nunca viu homens passeando com seus filhos sozinhos na rua, como se fizessem questão de mostrar que são capazes daquilo? Shoppings com banheiros familiares, no qual mães e pais podem levar seus filhos? Cursos específicos para pais? Literaturas aos montes? Comerciais de TV?

Eu com o Antônio boneco para treinamentos nos cursos

Esses dias aqui no meu trabalho, ouvi o relato de um pai que ficou feliz em saber que o filho iniciaria a segunda etapa da amamentação (que inclui a mamadeira), dando a chance para que ele vivesse a experiência  de amamentar também. Esses são os novos pais, apaixonados por seus filhos a ponto de amá-los publicamente, quebrando a imagem do pai apenas corretivo.

Pais que fazem questão de participar do parto e dispensam a sogra para dormirem com suas próprias mulheres na maternidade. Pais que tiram férias neste período e revezam na difícil tarefa da troca das fraldas.

Pais como eu, que não tem vergonha de assumir sua sensibilidade à flor da pele, que se orgulham de ser   PAI.

Pais em peso na aula de hidroginástica para gestantes - uma nova geração

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Menino ou menina?

Desde que me entendo por gente, sempre sonhei em ser pai. Nunca  passou pela minha cabeça o contrário. Porém, quando pensava a respeito, não materializava o sexo do meu filho. Depois que me casei, isso mudou. Minha mulher pensava em ter uma menina e eu, de alguma forma, comecei a pensar o mesmo.

A "Maria Flor" já era parte da família. Meu pai, por exemplo, já havia mandado fazer  (com um amigo artesão) um abajur  rosa que projetava o nome dela na parede. Obviamente que isso já fazia parte do cerco familiar para que tivéssemos um filho. Acontece nas mais loucas melhores famílias.

*Logo no início da  gravidez (entre a oitava e décima semana) é possível fazer o teste de "sexagem fetal". Ele permite identificar e analisar o DNA do feto por meio de uma simples amostra de sangue da mãe. Há quem prefira saber mais tarde durante os exames de ultrassonografia. Há quem prefira não saber.

Já na manhã do primeiro dia da oitava semana de gravidez, uma amostra do sangue da Juliana foi retirada para o teste de DNA. Em seguida, fizemos uma espécie de vigilia no site do laboratório à espera do resultado. Num ato de desespero e ansiedade, chegamos a espalhar o login e a senha para alguns amigos próximos checarem também.

-Paulo, vi o resultado!
-E aí Ju?
-É um menino.
-Meu deus que legal! Vamos ter um menino!
-Tô com medo.
-De quê?
-Não sei lidar com homens. Só com você. E agora?

Nossas cabeças foram tomadas por uma enxurrada de perguntas. Para mim foi mais fácil.  Eu teria um filho como eu, um homem. 

Eu sei o que é ser um homem, mas e a Juliana? Tentei acalmá-la. Certamente ela já estava pensando em como seria brincar de luta, carrinho e futebol com o Antônio Bento, falar sobre sexo com ele, entrar com ele na igreja e por aí vai. Tudo não passava de mais um "medo do desconhecido".

Rapidamente, a ideia de ter um menino foi  tomando os nossos corações.

*Muitas mulheres se assustam ao saber que serão mães de um menino. Segundo os especialistas, esse receio é normal nos pais também (quando descobrem que terão uma filha). Ser responsável por alguém diferente de você pode parecer complicado no início, mas logo a ideia amadurece  e tudo fica bem. Há muitos livros sobre o assunto. Busque ler relatos de pessoas que passaram pela mesma situação. Experiências semelhantes costumam funcionar e acalmar os pais de primeira viagem.

Hoje (9 meses), ele nem saiu da barriga ainda e já virou nosso príncipe, com direito a coroa na porta do quarto e tudo. A ideia de ter um menino já não é mais assustadora para a minha mulher. Posso inclusive afirmar que ter um menino já  virou a preferência dela.



 Tudo azul na nossa vida, literalmente.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A primeira ultra a gente nunca esquece

Lá estava Antônio Bento. Pequeno e agitado dentro daquela placenta inteira só pra ele. Mal sabia que seu espaço seria reduzido em questão de meses e que o mundo aqui fora é puxado que só.

Ainda um grão de arroz

A ultrassonografia é um excelente momento para o pai entender melhor o que se passa dentro da  gestante. Por mais curta que a sessão de ultra possa parecer, acompanhar esse exame é sempre sensacional e revelador! O médico dirá aos pais as condições de saúde do bebê, mostrar suas medidas, coração, morfologia e por aí vai. É como visitar o seu filho no útero de vez em quando.

Antônio Bento tirando uma soneca uterina

No primeiro exame de ultra do Antônio Bento, tentei me segurar para não chorar (pelo menos até ter a certeza de que a imagem não era da bexiga novamente). Mas quando avistei aquele pequeno corpo se mexendo naquela piscina de líquido aminiótico, as lágrimas cairam e a minha cara se transformou. Lá estava eu de boca aberta. É assim até hoje (9 meses).

-Não repare doutora. Ele chora vendo a bexiga.
-Tudo bem, tô acostumada.
-Olha lá o pé dele Ju! Você viu?
-Então, isso é o saco gestacional, vou mostrar o feto já já, ok? Ainda tô fazendo algumas medidas.
-Ahhhh, claro. Saco gestacional, eu li sobre isso.

Ouvir o coração é ponto alto das sessões. Este é o momento mais emocionante. A primeira vez a gente nunca esquece. Mais parece uma bateria de escola de samba. Rápido e forte.

Ouvir o coração é inesquecível

Até o último mês de gestação, não perdi uma ultra. Confundi muitas imagens, vocês podem imaginar.  Não me arrependo por ter dividido medidas fetais no facebook ou por ter obrigado amigos e familiares a assistirem  aos vídeos quase que abstratos. Agradeço sim a atenção de todos. Haja paciência com os pais babões, eu sei...

Infelizmente, algumas sessões de ultrassonografia são marcadas pela tensão. A chamada  ultra de translucência nucal  é bem complicada. É neste exame que realizam a medida da nuca do feto. Caso haja um acúmulo excessivo de líquido na região, o risco do bebê ter alguma má-formação ou síndrome aumenta.

Já a chamada ultra morfológica mostrará se o seu bebê é perfeito (dois braços, duas pernas, coração, coluna, cabeça...).

-Tá tudo bem doutora?
-Não estou conseguindo tirar as medidas, deixa eu bater aqui com força, quem sabe ele não vira e...
-Minha senhora, você não acha que está batendo forte demais na barriga dela não?
-Paulo, ela sabe o que tá fazendo, por favor...
-Desculpe doutora, mas é que parece a primeira surra dele. Ele tá dando piruetas aí dentro. Sou pai, né?
-Eu sei, não é agradável de ver, mas ele tá melhor que você nesse momento, relaxe.

Bons resultados nos exames de sangue e da translucência podem te deixar mais tranquilo. Porém, os médicos deixam claro que nenhum exame é 100% confiável e determinante quando o assunto é má-formação.

Agora que você terá um filho, todos aqueles conselhos e broncas dos seus pais e avós de "olha, não brinque com isso, um dia você terá um filho" vem como uma tsunami na sua cara. Você se preocupará. Não se sinta um maníaco pessimista. Faz parte.

Hoje em dia é possível ver o rosto do seu filho por meio da ultrassonografia em 3D. Preferimos não fazer. Vimos casos de pessoas que gastaram uma grana a mais (o plano não cobre) e o bebê botou a mão na frente do rosto. Como já sabíamos o sexo, pensamos em deixar pelo menos o rosto como surpresa.

De qualquer forma, é possível "ver" o rosto por meio da ultra comum. 

Quando vimos o rosto do nosso filho deitado na placenta, foi como descobrir um pouco da identidade dele. 

Começamos uma divertida missão de descobrir com quem ele se parece.

Antônio Bento deitado na placenta

É engraçado, porque fazemos isso até hoje (9 meses).

terça-feira, 26 de julho de 2011

Serei pai e agora (4)?


Ser pai durante a gravidez não é nada fácil.  Também temos nossos medos, ansiedades e fraquezas. Nossa cabeça roda a mil. Ficamos mais pensativos. São preocupações com a mãe, com o bebê e com o futuro desta nova família. 

Sobra pouco tempo para pensarmos em nós mesmos. Há quem esqueça de você também.. Acostume-se. O bebê e a gestante são protagonistas agora. Já era.

-Parabéns Paulo!
 -Poxa, que bom que você lembrou, obrigad...
-Magina, fiquei sabendo agora, você será papai!!!???
-Hoje é meu aniver...
-JÁ TÁ COM QUANTOS MESES?


Meus presentes deste último aniversário


São nove meses de algo totalmente desconhecido para nós. Algumas mulheres entendem a nossa situação, outras não. O sentimento de amor pelo seu filho não vem de brinde com o teste da farmácia. É complicado. Eu, por muitos momentos esquecia da gravidez ao ponto de sugerir um chopp no final do dia para a minha  própria mulher. Não era porque eu sou um cara insensível, mas é porque demora mesmo para a ficha cair!

Quando lembramos que ela está grávida, somos possuídos pelo chato controlador que passa a habitar nossas almas. "Não coma isso! Não faça aquilo!" acabam virando frases fixas no convívio diário com a grávida. Tentar controlar a gestante é uma fonte de estresse também. Matenha a calma. A maioria delas sabe exatamente o que está fazendo.

Nós pais podemos não saber o que é ter um filho dentro do nosso corpo, mas sabemos das responsabilidades que nos espera.

-Paulo, vamos ter que sair da nossa "casa de passarinho" (apto de 1 quarto em Copacabana).
-Mas você já começou a ver apartamentos, Juliana?
-Não, to cansada.
-Eu tenho que ver isso sozinho?
- Já tenho que gerar um filho e trabalhar - será que SÓ o apartamento você pode ver?

Diálogos como esses serão comuns durante toda a gestação. Só mudará o tema. Tenha paciência.

Trabalhando e montando o apartamento novo. Tarefas que cabem ao pai.


Sabe aquele malabarismo que você já fazia para multiplicar seu salário no final do mês? Pois é, você virará o próprio David Copperfield. Serão gastos inimagináveis a partir de agora! Muitos podem te chamar de dinheirista, mesquinho e que "como assim você está pensando em dinheiro se está vivendo o melhor momento da sua vida?". Releve. Tais seres só descobrirão o que você sente "apenas quando forem pais". Ah, sim, você começará a utilizar clichês como este.

*Participar das consultas, fazer cursos preparatórios, acompanhar de perto a gestação, se informar sobre o assunto, só vai te ajudar a diminuir a ansiedade. Programe-se. Converse com a sua mulher. Façam os cálculos, crie uma lista de pendências. Funciona!


Ela está grávida e agora (2)?

Como ainda não inventaram o "útero portátil da General Eletric", sua mulher não escapará de uma série de mudanças corporais e psíquicas para gerar um bebê de aproximadamente 3,5kg. Aos poucos, fui tentando entender com a ajuda de pesquisas e da própria obstetra quais e como seriam essas mudanças.

*Tentar dimensionar o que se passa dentro da sua mulher é muito importante. "Tem um ser humano DENTRO dela!" é um mantra que sempre funciona quando vem aquele "diabinho" soprar no seu ouvido que sua mulher é fresca demais. Graças à ela, seu filho nascerá com olhos, dentes, pêlos, unhas, órgãos, cérebro, pernas, tudo funcionando de fábrica! É melhor recolher-nos à nossa insignificância e ajudar no que for necessário.

A metamorfose corporal é a maior delas. Os órgãos se reorganizam para o crescimento do bebê, a barriga dela estufará feito um balão, o peso alterará, a pressão também, poderá haver sangramentos, inchaços, vontade de fazer xixi, pressão pélvica, enjoos, dores lombares e por aí vai...


Vida sexual

Nos primeiros meses de gravidez, a vida sexual segue normalmente -  em alguns casos, após uma crise de  tristeza, sono e enjoo da sua mulher, ainda é possível encontrar desejo sexual. Algumas mulheres perdem  a libido por completo. Obviamente, isso varia em cada indivíduo.

Quando a barriga começar a crescer, seus "problemas" também crescerão. É difícil encontrar uma posição para o sexo - o casal aos poucos encontrará a melhor posição para não machucar a barriga dela. Pensamentos do tipo "ele está entre nós durante a transa" podem surgir. Não se sinta um demente, acontece. Seu filho começará a reagir aos estímulos exteriores como o toque, luz, sons, alimentos ingeridos - não se assuste caso ele reaja ao sexo também.

Li muito sobre o assunto e relatos mostram que boa parte dos casais acabam por suspender as atividades sexuais por uma questão de "não acharem mais pertinente". Outros seguem normalmente como se não houvesse amanhã (o que não faz mal nenhum, diga-se de passagem). A conversa é o que diferencia a gente das bactérias. Portanto, dialoguem a respeito. Ponham para fora o que ambos sentem sobre este assunto.

*É importante respeitar os sentimentos da sua mulher. Muitas mulheres não se sentem sexy durante a gravidez. Muitos homens perdem o desejo pela mulher ao ver todas aquelas mudanças. É hora de reflexão e de adaptação. Ao contrário do que muitos pensam, o relacionamento/casamento poderá crescer e ganhar força. Basta querer.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ela está grávida e agora?

Por mais que seja assustador para muitos, não dá pra sair correndo ou deixá-la sozinha nessa. Prepare-se. para ser um grande parceiro. Será uma longa jornada até o nascimento do seu filho. Quer se um bom pai? O trabalho começa ainda na barriga.

No caso da Juliana, com aproximadamente um mês e meio de gravidez, todos os sintomas possíveis se manifetaram de forma agressiva. Irritabilidade, sono, enjoo, dores na lombar, cólicas, moleza, etc. É normal que os primeiros três meses de gravidez sejam críticos no quesito "mudanças". São inúmeros sintomas.

Muitas dúvidas sobre a saúde da mulher e do casal passam pela cabeça dos pais durante este período, que vão desde sexo à efeitos psicológicos causados pelos hormônios. "Posso fazer sexo? Por que ela está estranha? Este sono é normal? Ela está enlouquecendo?" entre outros questionamentos acabam por visitar nossas cabeças.

Quando percebi que algo estava errado com a minha mulher, corri para a internet na tentativa de entender melhor todas aquelas mudanças e verificar se eu poderia ajudar em alguma coisa.  E descobri que podia. Alguns sites são atestados pelo Ministério da Saúde ou Associações e podem adiantar algumas respostas antes da próxima consulta com a obstetra (que neste período costuma ser mensal).

*A maioria das mulheres gosta que os pais participem das consultas de pré-natal. As que dizem que não gostam estão mentindo ou o pai é mala.

A conclusão que tirei é que sermos apenas atenciosos já é uma grande coisa. As mulheres costumam ficar carentes neste período. O medo do desconhecido e a carga de responsabilidade por estar gerando uma vida não é um "passeio no parque".

Quando tentamos entender o que se passa, nos projetamos um pouco e mesmo que seja quase impossível sabermos de fato o que aquela cachoeira de hormônios pode causar, mostramos que pelo menos nos importamos com isso.

-Ju, vamos sair pra jantar?
-Tô enjoada.
-Quer um remédio?
-Não posso tomar nada Paulo, você sabe disso!
-Hum, então vamos ver TV?
-Tô angustiada Paulo (choro).
-Deita aqui então (carinho).
-Vamos sair pra jantar Paulo?
- O que você prefere Ju?
-Algum lugar que eu possa comer muito, tô com fome (alegria).

Sites para dúvidas e boletins semana a semana (vale a pena receber por email):




domingo, 24 de julho de 2011

Serei pai e agora (3)?

Antônio Bento em sua primeira foto

No dia 26/12, primeiro dia útil após o natal, conseguimos um encaixe com a obstetra responsável pelo pré-natal e parto do filhos de uma prima nossa. Estávamos ansiosos. Até então, só sabíamos que estávamos grávidos por meio do exame de sangue feito na emergência do hospital.

*Nessas horas, muitas pessoas sugerirão médicos e especialistas. Anote tudo, mas não se deixe levar pela pressão de que esse ou aquela tem que ser o médico responsável pelo nascimento do seu filho. Tenha calma. Essa é uma decisão que por fim cabe ao casal e, principalmente, ao feeling da gestante. Você vai perceber que a partir de agora todos se tornam "comentaristas" deste "jogo" que acabara de começar.

Lá estávamos nós, com cara de assustados. A médica, responsável por partos de celebridades e membros da high society, nos chama para a sala. Lá dentro, nos recebe com um forte e longo abraço. Pensamos juntos que todo aquele carinho era tudo que a gente precisava. "Vai ser ela!", sentimos.

*Nem sempre nos sentimos seguros na primeira consulta. Se for necessário, visitem outros especialistas até acharem o responsável pelo pré-natal e parto do seu filho. Repito, tenham calma. Serão nove longos meses...

Dentro do consultório, a gravidez foi atestada pela "boca da medicina obstetrícia". Até lá, eu confesso que tinha minhas dúvidas. "Vamos ver o bebê?", perguntou a médica. Ver o bebê? Eu não esperava por aquilo e perguntei como. Ainda não sabíamos, mas o consultório era dotado de uma máquina portátil de ultrassonografia. Era mais um indício de que tinha que ser ELA!

-Juliana, por favor, tire a roupa e vista o roupão. A enfermeira irá te ajudar.

Logo pensei "'enfermeira?".

-O papai pode vir também.

Lá estava eu, de frente para a tela que iria mostrar meu filho. Foi emoção demais para mim e antes que a doutora chegasse ao ponto exato com o instrumento intra-vaginal, comecei a chorar.

-Querido, guarde suas lágrimas, essa é a bexiga da Juliana.

Muito emocionado, logo pude ver a imagem de algo com uma cabeça e quatro membros, mas que ainda era do tamanho de um grão de arroz. Eu estava vendo o meu filho.

Conversa vai, conversa vem:

-Doutora, o plano cobre o parto?
-Não, mas não precisa se preocupar com isso agora.
-Ah, não? Por quê?
-Porque falta muito.
-Mas então me diga, quanto custa o seu parto?
-Quinze.
-Quinze o quê?
-Quinze mil reais.

NÃO ERA ELA.

sábado, 23 de julho de 2011

Serei pai e agora (2)?

Dormir nos primeiros dias é complicado, principalmente para um pai ansioso como eu. Tudo quanto é tipo de pergunta e pensamentos obssessivos vem à mente. Vou dividir alguns clássicos que passaram pela minha cabeça nos quatro primeiros dias em claro:

Quer dizer então que eu reproduzo, é isso?
Tem uma pessoa dentro da minha mulher nesse exato momento que é metade eu, metade ela...
Ele tá vivo?
O coração já bate?
Tenho condições financeiras para ser pai?
Quanto custa um filho de fato?
Vou precisar trocar de apartamento...
Como ficarão nossos horários?
Será que ele vai ser perfeito? E se ele morrer?

Não se assuste se os primeiros sintomas da gravidez aparecerem como num passe de mágica logo após o anúncio do resultado. De forma casada, quase que ensaiada, Juliana começou a passar mal naquela madrugada do dia 24/12. Eu pensei que era psicológico, mas já eram os "terríveis" hormônios da gravidez em ação rápida.

Meus pensamentos obssessivos eram interrompidos pelos vômitos da minha mulher. As inseguranças dela acabaram se somando às minhas também. É necessário parar, respirar e principalmente preparar um pacote de carinho que será distribuído ao longo dos nove meses que acabara de começar.

Cuidado para não pesar a mão nos cuidados com a gestante (elas recebem este nome a partir de agora) e virar um chato/cuidadoso/transtornado pai de primeira viagem. O auto-controle será sua palavra-chave.
-Juliana você só vomita meu amor, come essa uva.
-Paulo, tira essa uva daqui.
-Juliana, come sorvete então.
-Paulo, tira esse sorvete daqui.
-Juliana, você não bebe nem come nada há horas.
-Paulo, eu vou te matar!

Sim, eu virei o chato. O google virou página inicial do meu computador. Eram muitas perguntas e hora de ir ao obstetra.

* Muitos casais não contam que estão grávidos no início. É normal. Aquela história de "esperar vingar" é verídica. Estudos da Organização Mundial da Saúde mostram que ter a gravidez interrompida (por inúmeras causas) no primeiro trimestre é comum. Portanto, fique calmo e aguarde a decisão da natureza ao lado da sua mulher. Caso ela prefira não contar logo no início, tente entender. Se a nossa cabeça está cheia de dúvidas, você pode imaginar como está a dela. Tenha paciência.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Serei pai e agora?


A gente aprende desde cedo como nascem as crianças. Mais tarde a gente começa o "treinamento" prazeroso (diga-se de passagem) para tal função. Mesmo assim, quando o espermatozóide encontra o óvulo e tudo realmente acontece (no meu caso, de forma planejada), a gente entra numa montanha russa em queda livre e se pergunta "COMO ISSO FOI ACONTECER?!".

Na manhã do dia 24 de dezembro de 2010, véspera de natal, foi assim. Minha mulher resolveu "testar" se estava grávida ou não. Após uma semana de atraso menstrual, resolveu tirar a prova dos nove. As mulheres podem ou não sentir algo diferente logo no início da gestação. Juliana, sem muito alarde, pensou que estava cansada ou indisposta durante aqueles últimos dias. Mas naquela manhã, ela parecia ter certeza.

-Paulo! Acorda Paulo! Paulo!
-Oi Ju.
-Tô grávida!
-Hã?! - Como?!
-Paulo, você não quer que eu desenhe, né?

Nos abraçamos mesmo sem entender se aquilo era motivo para comemorar e ainda em choque levantei da cama e comecei a ler a bula do teste barato de farmácia que ela havia comprado.

-Juliana, quanto custou isso?
-Uns R$ 6, não sei Paulo! Por quê?
-Por quê? Porque com SEIS REAIS até se EU mijar nesse treco vai dar positivo, Juliana!
-Vamos comprar um mais caro!

Foram três testes no total. Todos positivos. Reparem que no início deste post eu fiz questão de citar que era véspera de natal. Momento no qual todos os laboratórios estão fechados. Começou o desespero e a descrença de que aquele resultado era realmente confiável.

*Não se sinta culpado se quando for anunciada a gravidez da sua mulher você sentir um mix de desespero e medo. Comigo foi assim. Não se abriu um clarão no céu e nenhuma luz nos iluminou ao som daquela trilha do Telecine Touch. Foi buraco no chão, queda livre. Rio ou choro? É pra gritar ou ficar em silêncio?

Sem acreditar no resultado e acretidando que poderia ser um distúrbio hormonal, forjamos uma dor de cabeça crônica para ela e demos entrada em uma emergência de hospital. Chegando por lá, a ideia era não aceitar qualquer medicamento sem antes fazer um exame de sangue para atestar a possível gravidez. O médico no início se recusou a fazer o teste e disse que a medicaria de forma a não atingir o possível feto. Mas felizmente ele mudou de ideia ao ver nossos olhos inquietos.

Estávamos grávidos! E agora foi atestado pela medicina! Naquele 24 de dezembro de 2010, numa noite natalina estranha e repleta de perguntas e incertezas, anunciamos para a nossa família que estávamos grávidos.

Mas e agora?

Prefácio

Hoje é dia 22 de julho de 2011. Primeiro dia do nono mês de gestação do Antônio Bento, meu primeiro filho. Há alguns minutos atrás, resolvi despretensiosamente criar o "PAIciência" na tentativa de diminuir a minha ansiedade por meio das palavras. Não é pra menos, daqui a poucos dias este novo membro da família mudará a minha vida para sempre.

Existe ciência para ser um bom pai? Estou preparado? Que pai eu posso ser? Que pai eu fui até agora?

Tentarei encontrar as respostas para essas e outras perguntas que passam pela cabeça dos pais com "P" maiúsculo. Dividirei experiências paternas vividas até agora. As situações relatadas neste blog são verídicas.

Sejam bem-vindos.