Depois da visita à Stephanie, naquela mesma noite, continuamos a praticar a translactação. Não foi uma tarefa fácil. Cansada, minha mulher estava com os nervos à flor da pele. Faminto, o Antônio Bento chorava, sacudia a cabeça, tirando a sonda do lugar, nos deixando nervosos...
-Paulo, eu não consigo!
-Por que, Ju?
-Eu nunca fiz um mapa do Brasil com folha vegetal sozinha! Nunca utilizei o compasso como uma pessoa normal. Eu sou sem jeito!
Após muito esperar, tentar por inúmeras vezes acertar a sonda dentro da boca dele, a mamada chegava a durar DUAS horas. Por passar um bom tempo tensionada durante as tentativas, a coluna da Juliana queimava de dor.
Após muito esperar, tentar por inúmeras vezes acertar a sonda dentro da boca dele, a mamada chegava a durar DUAS horas. Por passar um bom tempo tensionada durante as tentativas, a coluna da Juliana queimava de dor.
-Paulo, NÃO SE MEXE.
-Ju, quem tá com ele no colo é você.
-Eu sei, mas é melhor não arriscar! Ele abocanhou! Tá mamando pela sonda!
No dia seguinte, conseguimos um horário de encaixe com a nova pediatra especializada em amamentação e bem estar.
-Vamos examinar esse príncipe? Papais, por favor, fiquem à vontade, podem ficar aqui pertinho de mim, eu não me incomodo, e o Antônio Bento ficará mais tranquilo, né? Podem fazer carinho nele.
-Vamos examinar esse príncipe? Papais, por favor, fiquem à vontade, podem ficar aqui pertinho de mim, eu não me incomodo, e o Antônio Bento ficará mais tranquilo, né? Podem fazer carinho nele.
Como num filme, olhei para a cara da Juliana e lembramos simultâneamente, em silêncio, do pediatra psicopata que delimitava o lugar dos pais ao redor da maca de exame.
Como uma psicóloga, a nova médica nos explicou tudo em relação à translactação, da qual ela é defensora. Ficamos horas no consultório e saímos mais animados com tudo. Realmente, o Antônio ainda estava abaixo do peso. Mas, segundo a médica, ele recuperaria rápido.
Antes de irmos embora, mais uma observação brilhante:
-Juliana, você tem que dar o que você conseguir. Você precisa se respeitar. Translactar não é fácil. Vocês estão num momento de privação de sono e estresse. Não adianta estimular o peito se você ficar louca. Caso você sinta que está no seu limite, dê a mamadeira. Há crianças que não largam o peito por conta disso. Mas esteja ciente de que este risco existe.
Translactamos por uma semana. Até uma cadeira nova de amamentação eu comprei para minimizar as dores da coluna dela. Fizemos uma força-tarefa para a esterilização. Por muitas vezes, "montei " em cima da minha mulher na tentativa de encaixar a sonda na boca do Antônio Bento. A cena era tragicômica.
Nosso limite havia chegado. Felizmente, o leite da Juliana também.
Com o estímulo da translactação, o medicamento, as cápsulas de alfafa e o chá da mamãe, a produção de leite aumentou, mas não o suficiente para surprir às necessidades alimentares do nosso filho. Por esse motivo, continuamos a dar o leite artificial, só que, a partir de agora, pela mamadeira.
Nosso limite havia chegado. Felizmente, o leite da Juliana também.
Com o estímulo da translactação, o medicamento, as cápsulas de alfafa e o chá da mamãe, a produção de leite aumentou, mas não o suficiente para surprir às necessidades alimentares do nosso filho. Por esse motivo, continuamos a dar o leite artificial, só que, a partir de agora, pela mamadeira.
Segundo alguns especialistas, 20ml de leite materno são suficientes para garantir anticorpos e outras substâncias essenciais para o bebê. Porém, isso não garante a quantidade calórica necessária para a sua sobrevivência.
Desistimos da translactação com a certeza que fizemos o nosso melhor. A boa notícia é que o Antônio Bento não largou o peito (inclusive, ele é viciado nele) e está engordando de acordo com o planejado pela médica.
Antes da mamadeira, minha mulher oferece o peito ao nosso filho, que mama feito um bezerro. Logo em seguida, quando percebe que os peitos esvaziaram por completo, ela dá a mamadeira.
O caos da amamentação acabou. Hoje, o momento é sublime e não mais de ansiedade e desconforto.
Antes da mamadeira, minha mulher oferece o peito ao nosso filho, que mama feito um bezerro. Logo em seguida, quando percebe que os peitos esvaziaram por completo, ela dá a mamadeira.
O caos da amamentação acabou. Hoje, o momento é sublime e não mais de ansiedade e desconforto.
Cade vc? Escreve mais.
ResponderExcluirOi, eu estou amannnnnnndo ler suas historias.Estou TENTANDO praticar a relactação e foi muito bom ler o relato de vcs.
ResponderExcluirMeu filho tem 40 dias.Ele tinha quanto tempo quando vcs usaram o mamma tutti pela primeira vez?
ele passou a pegar no seio normalmente? e as dores e rachaduras passaram?
bjs
Kaka-Salvador/BA
Nossa não imaginava que vcs tinham passado por esse sufoco. Ainda bem que passou...
ResponderExcluirAdorei ler a sua história, estou com um beb~e novinho de um mes e 5 dias, não estou tendo leite suficiente para sacia-lo, mas não desisti também de dar o peito, faço como vcs, dou o peito até que ele mesmo solte ou quando vejo que ele está usando de chupeta, rsrsrsrs....porém quando ele sai verifico que ele ainda esta com uma fome voraz e também dou o complemento para sacia-lo de vez. Realmente concordo com vcs o quanto é frustrante querer fazer algo e não conseguirmos, mas como li em um outro blog, é preciso vivenciar este momento com prazer e quando a amamentação por motivos relevantes se torna difícil e ruim é melhor termos opções para que possamos curtir o nosso bebe e dar muito amor e carinho.
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