sexta-feira, 19 de agosto de 2011

No olho do furacão (3) - Primeira Semana em Casa

Cadeirinha instalada no carro, era hora de ir para casa. Fui dirigindo devagar e desviando das crateras típicas das ruas cariocas.

-Paulo, pelo amor de deus, eu estou de cinta, mas ela não faz milagres, vai devagar!
 
Ainda cansados, não demorou muito para percebermos que não tínhamos mais a estrutura da maternidade à nossa disposição. Uma nova vida começava. Colocaríamos em prática tudo aquilo que planejamos durante os nove meses de gestação. Minha mãe e minha sogra foram responsáveis por nos apoiar nesta primeira semana. Se estava difícil na maternidade, em casa as coisas pareciam ter piorado. 

A angústia da amamentação continuou. Ele não pegava no peito facilmente e dormia durante horas seguidas, nos obrigando a fazer o cansativo "ritual do despertar". O desconforto no peito ao amamentar não melhorou. Minha mulher chutava o chão de dor a cada sugada... Não era uma cena agradável de se assistir. Eu suava só de olhar.

Tentamos criar uma rotina e dividimos as funções. Aos poucos, percebemos que tudo ia se encaixando, desde a reposição do algodão, à roupa lavada.  O cansaço ainda era o nosso pior inimigo.  Às vezes, éramos surpreendidos por um forte sentimento de "e agora?", mas que logo sumiam após uma crise de choro ou riso.A cada soneca tirada, recarregávamos nossas energias.

Organizem-se. Criem uma lista e pendure-a em local visível para que vocês não se percam em seus afazeres. A lista não lhes deixará esquecerem de nada neste momento cansativo. Tente descansar toda vez que o bebê dormir. Nós pais também precisamos nos organizar - fique atento às compras de supermercado, contas do mês e aos ítens da farmácia.

Na divisão das tarefas, fiquei responsável por dar banho no Antônio Bento! Com a banheira cheia de água morna (capaz de deixá-lo com o corpo inteiro submerso), mergulhei meu filho num ritual de cantoria, limpeza e massagem. Deu certo. Ele ficou quietinho e curtiu bastante. Entre os meus afazeres estavam ainda trocar a fralda, cuidar do umbigo, dar colo e colocar para arrotar.


Gostoso, pra chuchu, chuá, chuá!

No terceiro dia em casa, fomos até ao posto de saúde mais próximo para vaciná-lo. Ele tomou a BCG (Bacillus Calmette-Guérin), uma vacina contra a tuberculose, que deve ser dada logo nos primeiros dias de vida. Subcutânea, a injeção não dói tanto. Nosso filho se comportou feito um rapaz.

No dia seguinte, era a vez do teste do pezinho e da orelhinha. Preferimos o serviço médico em domicílio, mesmo tendo que pagar mais caro. A experiência de tirar uma recém nascido de casa no dia anterior nos mostrou o trabalho que dá. Mais uma vez ele se comportou nos dois testes.

O Teste do Pezinho é um exame simples, que pode detectar precocemente doenças metabólicas, genéticas e ou infeciosas. Teste da Orelhinha, ou Triagem Auditiva Neonatal, consiste na colocação de um fone acoplado a um computador na orelha do bebê que emite sons de fraca intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do bebê produz. Ambos devem ser realizados nos primeiros dias de vida.

Após os cinco dias corridos de licença-paternidade, voltei ao trabalho. Não foi nada fácil. Ainda lesado e com sono, tive que cumprir com as minhas responsabilidades "trabalhísticas".

Minha mãe ajudou no "plantão noturno", então, pude descansar durante a noite com o auxílio de um protetor auricular (recomendo muito). Todas as vezes que ele chorava para mamar, eu ia dar uma espiada e recebia um "Paulo, vai dormir!".

Durante o dia, minha sogra cuidava das roupas, ajudava na limpeza da casa e minha mãe cozinhava. Não há palavras para agradecê-las. Foram dias mal dormidos, muitos afazeres, mas em nenhum momento nos sentimos sós. Fomos supridos pelo amor de mãe dessas duas maravilhosas mulheres.


Mães e avós, nossas heroínas

2 comentários:

  1. Os seus relatos são muito emocionantes. Antônio Bento é lindo!

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  2. Cheguei até aqui através do blog da @MarianaBelem na Veja...
    Já tinha visto vc no live do TDUD? e resolvi ler seus relatos nesta nova experiência (se não me engano, vc não participou de um deles pq foi quando o AB - a íntima rs - nasceu, não foi?).
    Só tenho a dizer: parabéns pra vc e sua família. Se vc continuar assim, seu filho/esposa serão só elogios =)
    Boa sorte nesta nova jornada!

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