terça-feira, 9 de agosto de 2011

Nasce um filho, nasce um pai (1)

Era véspera do parto. A noite chegou rapidamente, mas o sono não veio. Meus olhos permaneceram abertos até às cinco horas da manhã, horário marcado para despertarmos. Era chegado o grande momento das nossas vidas, com o qual já sonhávamos desde a primeira semana de namoro, há dez anos...

-Ju, a próxima vez que abrirmos esta porta, será com o nosso filho no colo.
-Vamos Paulo, não pense muito...

Caminhamos até o taxi quase que em silêncio. Chegamos à maternidade com pontualidade britânica. Nada podia sair errado. Não por nossa culpa.

Internação autorizada, a obstetra e o anestesista conversaram com a minha mulher sobre os procedimentos que seriam executados dali em diante. Estava tudo pronto para o parto. Como num mantra, todos os familiares nos diziam que "tudo daria certo".

Não hesite em perguntar tudo o que der vontade aos seus médicos antes e depois do parto, seja ele normal ou cesárea. Se informar diminui a ansiedade e o medo comum nessas horas.

O maqueiro veio buscá-la e, por procedimento, era necessário que o trajeto até o centro cirúrgico fosse feito com ela deitada na maca. Ver minha mulher estirada sendo empurrada corredor acima, não foi a melhor coisa do mundo. Segurei na mão dela e tentei dar o meu melhor, sem transparecer o meu nervosismo.

Chegando ao centro cirúrgico, o maqueiro disse "homens para um lado e mulheres para o outro". Fui encaminhado até um vestiário, onde recebi sapatilhas, touca e uma camisola.

-Paulo? É você por trás dessa máscara?
-Doutora! Posso te dar um abraço?
-Claro.
-Já andei cinco quilômetros de um lado para o outro. A Ju está bem?
-Está sim. A anestesia já terminou. E você, está bem?
-Não. Acho que não vou conseguir. Estou no meio de um surto psicótico. Minha mão está gelada, suada, vou desistir, ok?
-Paulo, marido de paciente minha não desiste assim tão fácil. Anda! Ela precisa de você. Vamos lá?

Lá estava eu, andando em linha reta, focado apenas no rosto da minha mulher e tentando não derrubar nenhum monitor cardíaco dentro da sala.

Fiquei atrás do pano que impedia que nós dois víssemos a cirurgia. Era tudo ou nada. Respirei fundo o tempo inteiro. Não podia dar trabalho à equipe de seis ou mais profissionais envolvidos naquele momento. Estava suando frio dos pés à cabeça. O anestesista me ofereceu um banquinho. Eu aceitei.

(Continua...).


4 comentários:

  1. Paulo e Ju.... Queremos a continuação....mas, antes de mais nada, nossos parabéns a vcs dois e à nova família.
    Vcs agora vão entender o real e emocional significado de algumas palavras que, para mim, só ganharam significado quando nossa Amanda nasceu: FAMÍLIA; AMOR DE PAI/MÃE; VIDA; EDUCAR; CRESCER; EVOLUIR.
    DICA: Lembrem-se que os filhos são espelhos dos pais... O que fazemos, agimos, nossos conceitos e consciência global são impressos em nossos filhos e irão refletir no comportamento futuro deles.

    João Gabriel

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Estava desesperada para saber da chegada do bebê. Estou seguindo seu blog pq também leio o da Mariana Belém.

    Parabéns....

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  4. Nossa, quero MUITOOO ler a continuação!!!!
    E meus parabéns!!!!! Postem logo fotos do AB!!!!
    Beijo muito carinhoso, Ju Lang.

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