domingo, 28 de outubro de 2012

Palavra do Especialista: Natação para Bebês

Quem aqui nunca ficou surpreso ao ver a imagem de um bebê submerso, nadando embaixo d´água? Sempre me perguntei como eles conseguiam fazer aquilo sem engolir água... Quando o Antônio Bento completou cinco meses, ele foi matriculado na natação, um ótimo exercício para o desenvolvimento dos bebês.

Este é o tema do "Palavra do Especialista", desta vez, com a tia Gabriela, professora de natação do Antônio Bento, que aceitou participar do PAIciência e falou um pouco sobre os benefícios a natação para bebês:

1) Quais são os benefícios da natação para os bebês? Existe um nome para esta prática? Como por ex. "vivências aquáticas"?

Uma prática bem orientada auxilia no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo da criança. Temos hoje, diversos estudos que comprovam tais benefícios para o bebê com a prática da natação.
Como por exemplo:

- Função neuromotora mais desenvolvida, conseqüência de um maior número de conexões dos neurônios (sinapses);
- Fortalecimento da musculatura pulmonar e maior expansibilidade torácica evitando alguns problemas respiratórios e minimizando os sintomas de asma e bronquite;
- Aumento da resistência cárdio-respiratória;
- Melhora do sono;
- Estimulação do apetite;
- Fortalecimento do tônus muscular;
- Aprimoramento da coordenação motora, equilíbrio, orientação espaço-temporal, lateralidade, consciência corporal, etc.
- Ampliação das percepções sensoriais;
- Desenvolvimento da confiança e autonomia no meio líquido;
- Favorecimento dos laços afetivos entre pais e bebês;

O nome “natação” parece soar como uma prática mais tecnicista, já o mesmo não acontece com “vivências”, no entanto, a nomenclatura varia de acordo com a instituição, não devendo ter grande importância, já que, a relevância se dá, de fato, em como o profissional conduz a aula e se o ambiente atende as necessidades do bebê.

2) A partir de qual idade é indicada a natação para os bebês?

A literatura vem mostrando que cada vez mais cedo pode-se iniciar a criança na natação, desde que o ambiente seja adequado e que as vacinas estejam em dia. Aos 3 meses o bebê já está ambientalizado com o meio externo, a cervical está fortalecida e haverá uma facilitação dos movimentos, sendo um ótimo momento para a prática.

3) Quais são os exercícios praticados durante a aula?

A atividade aquática dos bebês é geralmente mais simples quanto menores são, pois são aproveitados os reflexos inatos que facilitam o processo. Os exercícios realizados devem proporcionar estímulos compatíveis à idade da criança. Desta forma, realizamos balanceios, deslizes, mergulhos, deslocamentos, passagens pelos materiais de diferentes formas...enfim, diversas maneiras de explorar o ambiente e o seu próprio corpo em contato com o meio.

4) É necessário que os pais ou responsáveis acompanhem e participem da aula?

Nas crianças, o medo da água é aprendido através do contato com o mundo de seus adultos (SANZ, M., 2011).
Assim, é fundamental que o bebê sinta-se seguro em um meio no qual ele não está ainda ambientalizado, por isso a importância de estar acompanhado, de preferência, por seus pais, pois a natação fortalece o vínculo afetivo. No entanto, caso não seja possível, o acompanhante deve ser alguém que não tenha medo d’água e que passe a segurança que o bebê precisa.
Acredita-se que a natação para bebês seja uma fonte de estímulo afetivo muito rica que pode fortalecer os elos de segurança futura (FIGUEIREDO, 2011).

5) Quando um bebê pode mergulhar de fato? E por que isso é importante?

O mergulho deve ser inserido gradativamente, podendo começar em casa, na hora do banho, com respingos no rosto, utilização do chuveirinho na cabeça...
Quando o bebê apresentar descontração facial ao ter sua cabeça molhada ele estará pronto para seu primeiro mergulho, que deve ser tranqüilo e festejado sempre. É importante não passar a mão no rosto do bebê após o mergulho, deixando a água escorrer, para que ele entenda que aquilo faz parte do processo e sinta-se assegurado.
A importância do mergulho é compreendida pela necessidade de aumentar a capacidade de apnéia do bebê, o que lhe dará condições futuras de sobrevivência, e, também, aumentar sua capacidade pulmonar. O objetivo principal da aula não deve ser o mergulho, por isso não é preciso realizar muitas repetições do mesmo.

6) Quanto tempo dura a aula?

O recomendado para bebês é uma aula com duração de 30 minutos, pois, além de seu sistema termo-regulador ainda não se encontrar tão bem desenvolvido, o tempo de sua capacidade de atenção ainda é reduzido, e desta forma a atividade também não irá atrapalhar sua rotina de sono e alimentação.

7) Quais são os principais mitos relacionados à natação para os bebês?

1- Mito: natação causa otite.
Verdade: crianças que não nadam também têm otites. Normalmente a otite se dá logo após a criança ter resfriados, rinites, mamar totalmente deitada, quando está nascendo os dentinhos, devido a baixa da imunidade ou quando vai à piscinas e mares contaminados. É preciso observar: se a criança apresentar um quadro de + de 4 otites ou sinusites por ano, não é recomendado a natação. De 0 a 2 anos os bebês pouco apresentam otite.
A melhor maneira de cuidar o ouvido é manter a cera e não manipular o canal com cotonetes, mantendo-o seco com uma toalha. Não se deve pingar nada, pois a pele interna do canal auditivo pode ser danificada por produtos químicos. Não tem problema molhar o ouvido porque a água sai.

2- Mito: o bebê só deve iniciar na natação a partir de 1 ano de idade.
Verdade: embora ouvimos essa afirmação sendo feita por gerações mais velhas, e, até por alguns pediatras, sabemos que, salvo problemas de saúde, não há
impedimentos para que o bebê inicie na atividade aquática antes. Desde que seja levado em consideração as condições adequadas para a prática.

8) Quais os cuidados que os pais devem ter ao matricularem seus bebês em aulas de natação?

É importante saber se o profissional que irá ministrar as aulas está, realmente, capacitado à fazê-lo, se a piscina recebe um tratamento adequado para seu uso e se existe uma estrutura adequada para proporcionar conforto e bem-estar aos bebês.

9) Quantas vezes por semana essa prática é indicada?

A particularidade da freqüência nas aulas se dá pela disponibilidade dos pais. É importante que somente se inicie na atividade quando se tem a segurança de poder garantir à criança uma frequência regular nas aulas (recomendo no mínimo uma sessão semanal, sendo o ideal 2 ou 3 sessões). Isto tem uma razão principalmente emocional: quanto menor o bebê, menor é sua capacidade de processar e assim recordar situações. As interrupções prolongadas fazem com que ele tenha que atravessar novamente as mesmas adaptações.

10) O que comer antes e depois da natação?

O mais indicado antes da aula é a ingestão de carboidratos (frutas, biscoitos, sucos, pães...), nada de proteínas (danoninho, leite, etc), pois são mais difíceis de serem digeridas. As proteínas devem ficar para depois da aula.

No caso de bebês que só mamam:
Bebê – 0-6 meses (leite materno até 30-40 minutos antes da aula)
 
Conheça Gabriela Batista de Sousa
 
Graduada no curso de Licenciatura Plena em Educação Física e Desporto
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ
Pós-graduanda em Psicomotricidade (educação e clínica)
Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação – IBMR
Formação em Prática Psicomotora Aucouturier (em andamento)
Espaço Néctar
Iniciei meu trabalho aquático em 2005 na própria universidade e desde então venho me especializando e associando a natação à psicomotricidade dentro das aulas, como uma forma de dar à criança uma vivência na água mais rica e contribuir para seu desenvolvimento.



 
Tia Gabi estimulando os bebês com o regador


Tia Gabi em ação na natação
 

 
 

Além de todos os benefícios citados nesta entrevista pela professora Gabriela de Sousa, a prática da natação me aproximou muito do meu filho e, desde muito cedo, o Antônio Bento aprendeu a não ter medo de água. Aconselho a todos os pais a praticarem natação com seus filhos - muitas aulas acontecem nos finais de semana.